CONTOS DO PRÍNCIPE REAL
No jardim do Príncipe Real
(ainda hoje tenho de lá ir)
encontrei-me com fulana de tal,
pus-me a ver as estrelas a luzir.
Trocámos silêncios de mãos dadas,
conversámos com os olhos e o pensar;
espreitámo-nos do quarto da criada
do Palácio Italiano com portal.
Mas um dia perdeu-se o coche vermelho
que a princesa levava sempre ao jardim,
meteu-se por caminhos que não têm fim,
perco a esperança de à noite tornar a vê-lo.
Novembro, maldito mês das almas,
nesse ano nem o azul do céu poupaste,
carregaste com nuvens de negro corte,
mas vamos rapazes depressa ao vinho,
porque ao vinho não o vence nem a morte.
Vitorino
Não ha terra que resista (1979)
(a canção)
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