À instabilidade das cousas do mundo
Nasce o sol, e não dura mais que um dia,
Depois da luz, se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas, a alegria.
Porém, se acaba o sol, por que nascia?
Se é tão formosa a luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas, no sol, e na luz, falta a firmeza;
Na formosura, não se dê constância,
E, na alegria, sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza:
A firmeza, somente na inconstância.
Gregório de Matos
(Salvador de Bahía, Brasil, 1636 - Recife, 1696)
(aquí)
No hay comentarios:
Publicar un comentario